Fatores de Risco e Fatores Protetores da Saúde: Mais Conhecimento,Melhores Resultados
Segundo as estimativas obtidas para Portugal, no âmbito do estudo Global Burden of Diseases (GBD), da Organização Mundial de Saúde (OMS), os fatores de risco que mais contribuem para o total de anos de vida saudável perdidos pela nossa população são: hábitos alimentares inadequados, hipertensão arterial, índice de massa corporal elevado e tabagismo. Estes são os principais fatores de risco, muitas vezes modificáveis e, por isso, evitáveis para as doenças oncológicas, do aparelho circulatório, e para um grupo alargado de doenças, liderado por diabetes, doenças endócrinas, hematológicas e do aparelho génito-urinário.
É sobejamente conhecido e comprovado que a alimentação influencia o estado de saúde.
Em termos de riscos, os alimentos com excesso de calorias e em particular com altos teores de sal, de açúcar e de gorduras trans (processadas a nível industrial) constituem o principal problema.
Os hábitos alimentares inadequados mais comuns incluem a insuficiente ingestão de fruta, de vegetais, de frutos secos e sementes, bem como excesso de consumo de sal e carne processada.
Em Portugal o consumo de alimentos com teores excessivos de sal constitui um dos principais problemas de Saúde Pública. A ingestão diária de sal pelos portugueses (10,7 gramas) é praticamente o dobro do recomendado pela OMS (inferior a 5 gramas).
Por outro lado, o nosso consumo de fruta é baixo (menos de três peças de fruta por dia), revestindo-se como o risco alimentar evitável que mais contribui para a perda de anos de vida saudável.
A hipertensão arterial é o mais importante fator de risco modificável para as doenças do aparelho circulatório
(acidente vascular cerebral e doença isquémica do coração), que são a primeira causa de morte em Portugal e
com comprovada relação direta com a ingestão excessiva de sal na alimentação. A promoção do exercício físico ao longo de todo o ciclo de vida é absolutamente fundamental e insubstituível como fator protetor da Saúde. Apesar de assistirmos a uma participação crescente no que diz respeito à prática de atividade física, Portugal é dos três países da Europa onde essa adesão é menor (64% dos inquiridos nunca praticaram exercício ou fizeram desporto).
Relativamente à população infantil e juvenil, importa que pais, professores e demais agentes educativos mantenham uma vigilância apertada e sistematizada na redução do tempo despendido pelas crianças em frente a monitores (televisão, computador, jogos eletrónicos, entre outros), impulsionando paralelamente atividades lúdicas promotoras de atividade física. O sedentarismo e o excesso de ingestão de calorias explicam os índices altos de prevalência do excesso de peso e da obesidade.
Esta situação detém uma grandeza especial nas nossas crianças e jovens de idade escolar; mais de 35% das crianças com idades entre os seis e os oito anos têm corpulência excessiva (índice de massa corporal elevado para a idade e sexo). Mais de 14% já são obesas, enquanto a população entre os 10 e os 18 anos com excesso de peso é superior a 30% e a obesidade é de cerca de 8%.
O tabagismo assume contornos pandémicos, contribuindo para seis das oito principais causas de morte verificadas anualmente. O consumo de tabaco é causa ou fator de agravamento das doenças não transmissíveis mais prevalentes, em particular do cancro, das doenças respiratórias, das doenças cérebro e cardiovasculares e da diabetes. Apresenta igualmente muitos e variados efeitos nocivos, nomeadamente ao nível da saúde sexual e reprodutiva, diminuindo a fertilidade e aumentando a mortalidade fetal e perinatal.
Os fumadores apresentam um risco de morte duas a três vezes superior, que se traduz em média, a uma perda de dez anos de expectativa potencial de vida. A Saúde é um fator fundamental para o desenvolvimento humano, a capacitação e a adaptabilidade às mudanças. A sua promoção reveste-se de variados contornos, dimensões e responsabilidades, onde se inclui a vigilância e o investimento individual, através da valorização
positiva dos fatores que a determinam. Neste novo ano que agora se inicia, faça votos sérios, fundamentados, mas sobretudo duradouros acerca da promoção da sua saúde e daqueles que o rodeiam.
11 de Fevereiro de 2020